O patrimônio líquido de Donald Trump continua firme na casa dos US$ 6,4 bilhões, quase igual ao que era na época da eleição. Mas o como ele está fazendo esse dinheiro mudou — e muito. Esqueça os imóveis, a nova fonte da fortuna são criptomoedas, tokens duvidosos e ações de meme que parecem mais alimentadas por hype do que por fundamentos.
Trump e sua família mergulharam de cabeça no universo cripto. Projetos como a World Liberty Financial e um memecoin com o próprio nome já renderam algo próximo de US$ 620 milhões. E o detalhe mais interessante: essas novas aventuras estão gerando dinheiro mais rápido que os hotéis e campos de golfe, que até ontem eram o coração do “império Trump”.
Em 2021, quase tudo que ele tinha era tijolo e concreto. Hoje, a participação imobiliária representa só metade do que era antes. Um exemplo é o Trump National Doral, em Miami, que saltou de US$ 350 milhões para US$ 1,5 bilhão, graças a um aval para construir condomínios de luxo. Um clássico: valorizar terreno com papelada.
Mas a estrela mesmo foi a Truth Social, sua rede social pessoal. No auge, chegou a render uma avaliação de US$ 4 bilhões — valor que já despencou, mas ainda representa alguns bilhões no bolso dele. Isso apesar da empresa ter perdido US$ 401 milhões no último ano. Aparentemente, os investidores não ligam para prejuízo contanto que tenha o selo MAGA e um botão de “compartilhar.”
Agora vem o circo cripto: a World Liberty tem um token próprio, uma stablecoin (USD1) e já vendeu US$ 550 milhões em promessas digitais. US$ 390 milhões foram direto para os Trumps, além de 22,5 bilhões de tokens guardados, que podem valer bilhões — se alguém estiver disposto a pagar por eles um dia. E claro, a liquidez disso tudo é quase zero. Mas ei, é cripto: o valor está nos olhos de quem vê.
A coisa ficou ainda mais chamativa quando a MGX, uma empresa de Abu Dhabi, usou a stablecoin da World Liberty pra investir bilhões (!) na Binance. E, discretamente, Trump reduziu sua participação de 60% para 40%. Estratégico, né?
O Trump memecoin é outra estrela do espetáculo. Lançado com toda a pompa durante a inauguração, recebe impulso da marca Trump, de jantares exclusivos com holders e da velha arte de transformar reputação em ativo. Só a parte que já está no nome dele vale US$ 50 milhões, com mais bilhões potencialmente “desbloqueáveis” no futuro.
E pra fechar o combo cripto-imperial, vem a American Bitcoin, uma mineradora que deve abrir capital em breve após uma fusão. A família Trump tem 20% da empresa, e a expectativa é que ela valha mais de US$ 3 bilhões. Porque, claro, não basta vender token, é preciso cavar uns também.
Mas, apesar da fortuna, muita gente vê esses ativos como pura espuma de marketing. A maioria desses valores se sustenta em uma mistura de hype, fé cega e a marca Trump, e não exatamente nos resultados dos negócios em si.
No fim das contas, Trump virou um criptoinfluencer com credencial de ex-presidente, e sua fortuna agora é tão volátil quanto os tokens que ele promove. A diferença? Ele já saiu no lucro.
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