Em uma das mudanças corporativas mais significativas de 2025, o cofundador da Fundstrat e renomado estrategista de mercado Tom Lee juntou-se à BitMine Immersion Technologies como presidente, liderando uma nova estratégia ousada para transformar a empresa na “MicroStrategy do Ethereum”.
O anúncio, feito na segunda-feira, detalhou uma colocação privada de US$ 250 milhões para financiar a mudança da BitMine para uma estratégia de tesouraria em Ethereum, com o objetivo de tornar o ETH seu principal ativo de reserva.
A mudança ecoa a agora lendária jogada de Michael Saylor com o Bitcoin na MicroStrategy, só que, desta vez, com um ativo que oferece rendimento e suporta a infraestrutura financeira descentralizada da internet.
Da Mineração de BTC à Acumulação de Ethereum
A BitMine, anteriormente uma empresa de pequena capitalização focada na mineração de Bitcoin, agora está de olho em se tornar a maior detentora de ether (ETH) de capital aberto. Embora continue com suas principais operações de mineração de Bitcoin, o foco estratégico da empresa girará em torno da acumulação de ETH e da geração de rendimento on-chain.
“Esta transação inclui investidores da mais alta qualidade em TradFi e capital de risco em criptomoedas, refletindo adequadamente a rápida e contínua convergência de serviços financeiros tradicionais e criptomoedas”, afirmou Lee em um comunicado.
Os participantes da captação incluem gigantes do setor, como a Pantera Capital e a Galaxy Digital, que já apoiaram operações anteriores com tesouraria de capital aberto.
O plano de Lee segue de perto o manual da MicroStrategy: levantar capital por meio de ações e dívida, comprar um criptoativo volátil, mas fundamentalmente forte, e ancorar o valor da empresa ao desempenho de longo prazo desse ativo.
No entanto, as características de rendimento do Ethereum e o uso dominante on-chain oferecem uma vantagem única.
Um componente central da nova abordagem da BitMine será uma métrica de desempenho chamada “ETH por ação”. Isso espelha o modelo “BTC por ação” da MicroStrategy, mas o expande, aproveitando as fontes de rendimento nativas do Ethereum, como staking, re-take e ciclos DeFi.
“A empresa pode aumentar o valor do ETH detido por ação por meio de uma combinação de reinvestimento dos fluxos de caixa da empresa, atividades do mercado de capitais e pela variação do valor do ETH”, disse Lee em um comunicado oficial.
“A administração aumentará esse número por meio da valorização do preço do ETH e do fluxo de caixa on-chain proveniente de staking, retake e ciclos DeFi, algo que um balanço patrimonial de BTC não consegue explorar.”
Ethereum como Infraestrutura Financeira
Em entrevista ao Squawk Box da CNBC na segunda-feira, Lee reforçou a importância do Ethereum na convergência entre cripto e finanças. “O setor de serviços financeiros e as criptomoedas estão convergindo, e isso começou com as stablecoins, que são o ChatGPT das criptomoedas, pois sua adoção viralizou entre consumidores, bancos comerciais e agora até mesmo a Visa”, observou Lee.
“Por baixo do setor de stablecoins está o Ethereum – que é realmente a espinha dorsal e a arquitetura das stablecoins, por isso é importante criar um projeto que acumule Ethereum para essencialmente proteger e ter alguma influência na rede.”
Lee destacou o crescente domínio do Ethereum em setores-chave, como stablecoins, ativos tokenizados e DeFi. Com os rendimentos de staking atualmente acima de 4%, as redes de Camada 2 continuando a cortar taxas de transação e os ETFs à vista de Ethereum programados para receber entradas no terceiro trimestre, o timing da BitMine não poderia ser mais calculado.
O mercado respondeu rapidamente. As ações da BitMine subiram quase 400% na segunda-feira, triplicando no pré-mercado e encerrando o dia com alta de quase 500%.
Antes do anúncio, o valor de mercado da empresa era de apenas US$ 26 milhões e as ações caíram 45% no ano. O aumento de US$ 250 milhões agora posiciona a BitMine para se tornar um player institucional sério no mercado de ETH.
A entrada de Lee também segue uma tendência mais ampla de empresas explorando estratégias de tesouraria focadas em ETH. Em maio, a plataforma de apostas de capital aberto SharpLink Gaming iniciou uma estratégia para ETH e nomeou o cofundador da Ethereum, Joseph Lubin, como presidente. Enquanto isso, a DeFi Development está supostamente construindo um modelo semelhante para o ecossistema Solana.
Manual de Saylor, a espinha dorsal do Ethereum
“Minha opinião: Saylor mostrou como a estratégia de dívida conversível + tesouraria com foco preciso pode turbinar o valor para os acionistas. Lee está executando o mesmo manual em um ativo que gera rendimento e protege a camada de liquidação da internet”, escreveu Eric Conner, um renomado defensor do Ethereum, em um tuíte reagindo à notícia.
Ele acrescentou: “Fique de olho no medidor de ETH por ação. Se isso funcionar, todas as empresas de tecnologia de médio porte com muito dinheiro terão que se perguntar por que seu balanço ainda está em dólares americanos.”
Com o Ethereum posicionado como a espinha dorsal das stablecoins e da economia on-chain em geral, a mudança da BitMine sob a liderança de Tom Lee pode não apenas redefinir o futuro da empresa, mas também estabelecer um novo padrão corporativo na gestão de criptoativos.
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