Bruxelas, 25 de junho de 2025 — A Comissão Europeia está prestes a mexer no vespeiro das stablecoins — e sem pedir bênção ao Banco Central Europeu (BCE). Segundo o Financial Times, o braço executivo da União Europeia deve divulgar nos próximos dias uma nova regulamentação para o mercado de moedas digitais estáveis. O foco? Colocar coleira em tokens emitidos fora do bloco, tratando-os como equivalentes apenas se obedecerem às regras locais.
Na prática, stablecoins “gringas” só poderão circular no território europeu se forem consideradas idênticas às versões com selo de aprovação da UE. A proposta, que promete esquentar o clima entre reguladores e o setor cripto, já vem causando urticária no BCE. O banco teme que o movimento — feito em plena expansão do mercado — acabe desestabilizando o sistema bancário do bloco, especialmente em momentos de alta volatilidade.
Bruxelas não quer conversa — quer controle. Ignorando os alertas do BCE, a Comissão Europeia deve lançar sua investida regulatória ainda esta semana, mirando direto nas stablecoins que brotaram sem pedir licença no jardim blindado do sistema financeiro europeu.
O avanço das stablecoins incomoda — e muito. Já são mais de US$ 250 bilhões em circulação, boa parte movimentando a economia digital sem pedir permissão a bancos centrais ou governos. Isso explica o incômodo em Bruxelas: o controle está escorrendo pelos dedos. A UE apertou o cerco: quem quiser rodar stablecoin por lá, vai ter que dançar conforme a música. Tether, USDC e cia. agora escolhem — se adaptam ou dão meia-volta.
Enquanto isso, quem vive no setor assiste ao movimento com aquela mistura de desconfiança e déjà-vu. Quando reguladores que mal entendem o código de um QR Code tentam meter a mão num ecossistema descentralizado, o resultado raramente é progresso. O risco aqui não é exagero — é paralisia disfarçada de proteção.