As stablecoins não são mais apenas uma alternativa para os investidores. Atualmente, elas são o núcleo da digitalização de empresas na América Latina. Em uma área caracterizada pela instabilidade cambial e pelo acesso restrito a serviços financeiros convencionais, esses ativos digitais têm se sobressaído como instrumentos para simplificar pagamentos, salvaguardar o valor e expandir as operações.
Atualmente, empresas, instituições financeiras e prestadores de serviços vêm incorporando cada vez mais as stablecoins em suas operações, em um movimento que não apenas destaca sua relevância como elemento da infraestrutura financeira regional, mas também estimula uma nova era de inovação institucional. As stablecoins, ao invés de substituir os sistemas financeiros convencionais, têm impulsionado transformações estruturais e reconfigurado o cenário econômico.
A Bitfinex, exchange fundada em 2012, avalia como as stablecoins estão impulsionando essa transformação na América Latina:
Adoção em massa impulsiona mudanças práticas
A inflação alta, a instabilidade das moedas locais e o acesso limitado aos serviços bancários tradicionais têm incentivado a adoção generalizada de ativos digitais na América Latina. Este fenômeno, inicialmente impulsionado pela população em geral, transformou-se em um ecossistema avançado que atualmente desperta o interesse de instituições. Empresas estão cada vez mais utilizando criptomoedas, com foco nas stablecoins, para aumentar a eficiência operacional e resguardar suas operações da volatilidade econômica.
O crescimento é claro nos dados: a América Latina alcança a segunda posição global na adoção de stablecoins, com um aumento de 42,5% em um ano, superando a marca de 36 milhões de carteiras ativas.
Na prática, as stablecoins deixaram de ser uma proteção pontual e se tornaram parte da infraestrutura financeira da economia digital argentina.
Solução para tesouraria e pagamentos B2B
Em economias onde o sistema bancário é burocrático, caro ou pouco eficiente, as stablecoins são uma solução direta e rápida para empresas que precisam realizar pagamentos, proteger seu caixa ou realizar transações em dólar sem depender de bancos tradicionais. Negócios em toda a América Latina já utilizam stablecoins atreladas ao dólar para pagar fornecedores, manter reservas e se proteger da volatilidade cambial, e muitas vezes fazem isso de forma mais ágil que empresas em mercados desenvolvidos.
Recentemente, a Bitfinex listou os tokens EURQ e USDQ, emitidos pela Quantoz Payments, uma instituição de dinheiro eletrônico licenciada na Holanda, EMTs (Electronic Money Tokens), emitidos na blockchain Ethereum, e em conformidade com as normas da MiCA, o sistema regulatório da UE.
A era da Gostanomics
A forma de acessar e utilizar serviços financeiros na América Latina mudou, e de maneira acelerada. Com 92% da população presente nas redes sociais, não faz sentido pensar que apenas os bancos tradicionais dominem o fornecimento de soluções financeiras.
Isso introduz a ideia de Gostanomics, uma abordagem em que os produtos financeiros se ajustam aos hábitos digitais dos usuários, enfatizando a experiência, a agilidade e a integração com os aplicativos que eles usam regularmente.
Um exemplo disso é o plano da Meta de permitir pagamentos em stablecoins diretamente em suas plataformas, como Instagram e WhatsApp. A proposta é permitir que criadores, freelancers e empresas recebam pagamentos internacionais de forma instantânea, simples e com taxas menores.
Na essência, isso confirma o que a Gostanomics propõe: os serviços financeiros precisam estar presentes nos ambientes onde as pessoas já se encontram. Na América Latina, onde o acesso a dispositivos móveis precede a abertura de contas bancárias, a combinação entre stablecoins e plataformas digitais tem grande potencial para se estabelecer como um dos principais impulsionadores da inclusão financeira e da retenção de clientes.
Will Hernández, gerente de desenvolvimento de negócios da Bitfinex na América Latina, resume a dinâmica das stablecoins com Bitcoin, criptomoeda mais conhecida: “Bitcoin e stablecoins não são modismos, são parte do redesenho do sistema financeiro global.
Stablecoins permitem que empresas e fundos realizem pagamentos internacionais, gerenciem liquidez, protejam contra riscos cambiais e automatizem processos financeiros a custos muito mais baixos que os sistemas tradicionais. Por isso, o uso institucional desses ativos cresce cada vez mais, especialmente entre quem busca eficiência sem abrir mão da estabilidade.”
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