Entre os dias 27 e 29 de maio, mais de 30 mil pessoas compareceram à Bitcoin Conference, em Las Vegas, nos Estados Unidos. O evento contou com a presença de mais de 5 mil empresas e 400 palestrantes, além do vice-presidente americano, JD Vance, e de figuras importantes do mercado de criptomoedas, como Michael Saylor, fundador da Strategy, e Paolo Ardoino, CEO da Tether, considerada a maior stablecoin do planeta.
Fernando Carvalho, head de ativos digitais da OnilX, empresa que opera desde 2020 para transformar ativos digitais em liquidez para efetuar pagamentos e transações, avaliou o evento e como o cenário de criptoativos evoluirá nos próximos anos.
“A bolha brasileira ainda não tem a real noção do tamanho do mercado que existe e de novas empresas que estão nascendo para suportar essa tecnologia nova, além de todos os periféricos para que o mercado tenha a sua força”, afirma o executivo.
Entre as tendências apresentadas na Bitcoin Conference, destaca-se a expectativa de um boom no número de usuários de criptomoedas, evidenciada em palestra de JD Vance; colaterização através do Bitcoin; e o fortalecimento da presença chinesa.
Confira as cinco principais tendências do mercado cripto de acordo com Fernando Carvalho, da OnilX:
Evolução do mercado de criptoativos
“O que antes eram considerados freios para o setor, como as instituições, os bancos e a própria administração pública, agora são vistos como aceleradores. O governo atual dos EUA está tentando abrir esse caminho e as empresas criam estratégias de reservas. Hoje, as companhias estão se posicionando para oferecer ativos a seus clientes e se envolver mais neste tema”, aponta Carvalho.
Essa mudança de perspectiva foi evidenciada na palestra de JD Vance. De acordo com o vice-presidente dos EUA, existe a expectativa de que o país atinja 100 milhões de usuários de criptomoedas nos próximos anos, reforçando o papel do governo em regular e disseminar essa tecnologia. “Ele chegou, inclusive, a ameaçar de demissão quem for contra a iniciativa”, ressalta o head de ativos digitais da OnilX.
Colaterização por meio do Bitcoin
Esse posicionamento do governo americano, somado a outras palestras e ao networking do evento, trouxe a perspectiva de usar o Bitcoin e outros ativos criptografados como ferramenta para pegar empréstimos em dólar. Trata-se de uma estratégia adotada por empresas para realizar aquisições, investimentos e quitação de dívidas a partir desse tipo de recurso, em especial as stablecoins, cujo lastro é baseado em outros ativos, inclusive o ouro e outros minerais.
Mudança de perspectiva sobre criptoativos
Por muitos anos, o discurso era de que o investimento em Bitcoins e outros criptoativos deveria ser acompanhado de aportes em áreas mais tradicionais para garantir a segurança do investidor.
“Agora, nesse novo ciclo, a Bitcoin e as criptomoedas estão sendo usados de forma inversa: como proteção de moedas fiat”, explica. As moedas fiduciárias (fiat) não estão relacionadas a metais preciosos, enquanto a Tether, por exemplo, está lastreada em ouro.
Maturidade no mercado
De acordo com Carvalho, a Bitcoin Conference teve um público de perfil mais maduro, em uma faixa etária preferencialmente acima dos 35 anos, contrariando a ideia de que criptoativos são adotados apenas por pessoas de perfil mais jovem. “Acredito que isso mostra a maturidade do mercado e uma nova perspectiva de futuro”, diz.
Forte participação chinesa
Entre as mais de 5 mil empresas participantes, houve uma forte presença de players chineses, nas mais variadas atividades relacionadas ao mercado cripto. “Todos estando ali, ajudando os Estados Unidos a se desenvolver, porque ainda é o país que puxa o mundo dentro deste segmento”, complementa Fernando Carvalho.
Leia também: Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, expressa preocupação com a reserva de Bitcoin dos EUA