Pouco antes da meia-noite de quinta-feira, 22 de maio de 2025, uma enxurrada de notificações urgentes inundou os celulares de clientes de plataformas digitais de câmbio e bancos com contas globais no Brasil. O recado era claro: eram os últimos minutos para aproveitar o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) com a alíquota de 1,1%. A partir da meia-noite da sexta-feira (23), por determinação do governo federal, o imposto sobre operações internacionais saltaria para 3,5%.
A medida, anunciada de última hora pelo governo para cumprir a meta de déficit zero em 2025, impacta diretamente transações com cartões internacionais, remessas ao exterior, empréstimos externos de curto prazo e aplicações financeiras fora do país. Em resposta, plataformas como a Wise e a corretora Avenue se apressaram em alertar seus usuários. A Avenue, inclusive, chegou a suspender o serviço de negociação de câmbio em horário estendido, expressando surpresa com a medida e classificando-a como um “lembrete do que chamamos de risco-Brasil”.
Para o mercado de criptomoedas, essa elevação do IOF é uma notícia preocupante.
A taxa mais alta encarece significativamente as operações de compra e venda de criptoativos realizadas em moeda estrangeira por meio de plataformas e cartões internacionais. Isso pode desincentivar a entrada de novos investidores e até mesmo reduzir a liquidez, tornando as transações menos atrativas e potencialmente impactando o volume negociado no Brasil. O setor, que já lida com incertezas regulatórias, agora enfrenta um novo obstáculo que onera diretamente as operações cambiais essenciais para a aquisição e movimentação de ativos digitais.
A decisão de aumentar o IOF faz parte de um esforço maior do governo para elevar a arrecadação, que também incluiu o congelamento de R$ 31,6 bilhões do orçamento deste ano, ressaltando o foco na disciplina fiscal, mas com reflexos imediatos nos custos de transações financeiras internacionais, incluindo aquelas ligadas ao dinâmico universo cripto.
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