Doze meses após a aplicação integral, o regulamento europeu de Mercados de Criptoativos (MiCA) oferece o retrato mais nítido até agora de como um arcabouço único está redesenhando o setor de ativos digitais na União Europeia.
O movimento nas exchanges licenciadas avançou 24 % em relação a 2024, enquanto plataformas não registradas perderam cerca de 40 % dos usuários europeus. O comportamento dos investidores também mudou: um terço das instituições do bloco ampliou posição em Bitcoin, stablecoins e produtos estruturados sob a proteção das novas regras.
Destaques de 2025
- 65 % das empresas cripto com sede na UE já possuem licença MiCA.
- O mercado projeta chegar a €1,8 trilhão até dezembro, alta anual de 15 %.
- Transações com stablecoins subiram 28 % após exigência de reservas integrais.
- Foram aplicadas €540 milhões em penalidades e 28 licenças revogadas.
- O número de VASPs registrados cresceu 47 %.
- Casos de fraude caíram 60 %, segundo o BCE.
Panorama por país
Alemanha, França e Holanda lideram com mais de 90 % de conformidade. Espanha e Itália giram em torno de 75 % graças a processos acelerados. Já Grécia e Portugal permanecem perto de 55 %, barradas por entraves locais, enquanto Estônia e Lituânia viram novas inscrições despencar após o endurecimento das exigências.
Impacto sobre provedores de serviço
Cerca de 70 % das operações cripto na UE já ocorrem em exchanges autorizadas; custodians registram alta de 55 % em depósitos institucionais. Binance, Coinbase e Kraken operam em toda a região com uma única licença, mas o número de caixas eletrônicos de Bitcoin recuou 35 % diante de KYC/AML mais rígido. Só no primeiro semestre de 2025, investidores de risco injetaram €1,2 bilhão em start-ups compatíveis com o MiCA, sinalizando confiança no modelo.
Tendências de investimento
A participação do varejo cresceu 27 %, impulsionada por plataformas mais seguras e divulgações transparentes. Stablecoins totalmente lastreadas tornaram-se a reserva de valor preferida, com alta de 40 % nas posições. Por outro lado, o uso de DeFi encolheu 16 %, reflexo da cautela enquanto o Parlamento discute um “MiCA 2.0” para protocolos descentralizados e NFTs.
Próximos passos
A ESMA realizou mais de 230 auditorias em seis meses e prepara selos de conformidade para facilitar a identificação de empresas reguladas. Satisfeitos com um índice de 90 % de aprovação entre supervisores, legisladores já avaliam ferramentas de monitoramento baseadas em IA para ampliar o alcance do MiCA.
Passado um ano, o MiCA substituiu o mosaico regulatório por um manual unificado—impulsionando volume, punindo infratores e oferecendo sinal verde ao dinheiro institucional. A rapidez com que a versão 2.0 integrará DeFi e NFTs vai definir se a UE mantém a dianteira na próxima etapa das finanças digitais.
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