Donald Trump, o magnata da tecnologia Elon Musk e o fundador da Binance, Changpeng “CZ” Zhao, tornaram-se alvos do mesmo furacão midiático ao dispararem críticas públicas contra o The Wall Street Journal. Em poucos dias, o ex-presidente, o empresário da internet e o barão das criptos reprovaram o jornal, acusando-o de parcialidade e de levar adiante pautas com segundas intenções.
Que força reúne figuras tão diferentes? Não se trata apenas de manchetes, mas de influência, percepção pública e do embate crescente entre colossos da velha imprensa e as vozes mais poderosas da era digital.
Para entender o simbolismo — e o peso — dessa disputa, vale ver como cada um desses gigantes acabou batendo de frente com o mesmo veículo.
CZ rebate “matéria-ataque” do WSJ
Em 22 de maio, o Journal publicou um artigo sobre a família Witkoff, relacionando a atuação diplomática de Steve Witkoff ao universo cripto do filho Zach. No texto, o jornal afirmou que CZ teria servido de “facilitador” para viagens internacionais da World Liberty Financial.
O executivo não deixou barato. No X (ex-Twitter), chamou o conteúdo de “hit piece” (difamador) repleto de suposições e narrativa distorcida, dizendo que os erros não eram pontuais, mas fruto de má-fé editorial.
Ele rechaçou especialmente a tese de que seria um “faz-tudo”, lembrando que não organizou encontros nem apresentou pessoas — e que só conheceu um dos envolvidos há pouco tempo. “Não é assim que o jornalismo deveria funcionar”, protestou.
CZ ainda insinuou que certos grupos nos EUA tentam frear o avanço das criptomoedas mirando seus líderes, o que pode diminuir as chances de o país se tornar centro global do setor.
Trump rotula o WSJ de “jornal podre”
No começo do mês, a bordo do Air Force One, Trump se indispôs com um repórter do WSJ, chamando o jornal de “podre” e “nocivo à nação”. Recusou-se a responder perguntas, alegando perda de tempo, e disse que a publicação seria “pró-China”. Também acusou o proprietário Rupert Murdoch de “globalista” que tenta travar sua agenda.
Mesmo assim, em 22 de maio, o Journal trouxe reportagem na qual Trump revela acreditar que Putin não encerra a guerra na Ucrânia por se julgar em vantagem — visão que, segundo o texto, ecoa entre europeus.
A posição do ex-presidente, porém, oscilou: num momento defendeu sanções contra Moscou; noutro sugeriu negociações de menor nível no Vaticano. “Essa não é a minha guerra”, resumiu, deixando aliados incertos quanto ao apoio dos EUA.
Musk dispara contra rumor de saída da Tesla
No fim de abril, o WSJ noticiou que o conselho da Tesla cogitava substituí-lo no comando da empresa por questões políticas. Musk reagiu chamando a reportagem de “GRAVÍSSIMA QUEBRA DE ÉTICA”, lembrando que o próprio conselho negara o boato. A presidente da Tesla, Robyn Denholm, corroborou: a história seria “totalmente falsa” e Musk contaria com apoio integral.
A crítica veio em meio ao escrutínio sobre o papel político do bilionário, que assessora o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) da administração Trump — ligação que, dizem analistas, já teria afetado a reputação global da montadora. Apesar da queda recente nos lucros e no valor de mercado, a Tesla manteve suas posições em Bitcoin no primeiro trimestre.
Assim como outros líderes cripto, Musk defendeu cobertura justa e precisa, sem narrativas que prejudiquem inovação e crescimento. O revés simultâneo de Trump, Musk e CZ evidencia o fosso que se aprofunda entre a mídia tradicional e os protagonistas de tecnologia e ativos digitais.
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