Em uma nova ação judicial, a Genesis, credora de criptomoedas falida, levou sua controladora, a Digital Currency Group (DCG), e seu CEO Barry Silbert ao tribunal, acusando-os de fraude, uso indevido de fundos da empresa e gestão imprudente de finanças. A Genesis agora tenta recuperar mais de US$ 3,3 bilhões, que, segundo ela, foram tomados indevidamente.
Os processos, abertos em 19 de maio pelo Tribunal de Chancelaria de Delaware e pelo Tribunal de Falências dos EUA para o Distrito Sul de Nova York, pintam um quadro contundente. A Genesis alega que a DCG e seus altos executivos desviaram valores da empresa em seus últimos meses, ao mesmo tempo em que davam aos credores e investidores uma falsa sensação de estabilidade.
As denúncias alegam que a DCG tratou a Genesis como um “caixa eletrônico corporativo”, drenando mais de um bilhão de dólares por meio de empréstimos para fins próprios e transferências ocultas. No centro de tudo, de acordo com o Comitê de Supervisão de Litígios (LOC) da Genesis, estava uma estratégia para beneficiar o valioso ativo da DCG — a Grayscale Investments — enquanto empurrava a Genesis ainda mais para o vermelho.
Uma acusação fundamental? A DCG supostamente teria fabricado transações falsas apenas para criar a ilusão de que a Genesis tinha suporte financeiro, quando, na realidade, nada a garantia. Na realidade, a Genesis teria sido forçada a aceitar ações ilíquidas do Grayscale Bitcoin Trust (GBTC) como garantia, com restrições que a impediam de vendê-las, mesmo após os períodos de bloqueio obrigatórios.
O processo cita não apenas Silbert, mas também o ex-CEO da Genesis, Michael Moro, o ex-CFO da DCG, Michael Kraines, o presidente da DCG, Mark Murphy, e o banco de investimentos Ducera Partners, alegando que todos eles desempenharam papéis em enganar credores e enriquecer insiders.
Em uma segunda denúncia, a Genesis alega que a DCG e suas afiliadas retiraram discretamente mais de US$ 1,2 bilhão em dinheiro e criptomoedas no ano anterior à falência, principalmente durante períodos de alto estresse, como a quebra da Terra-Luna e o colapso da FTX. Essas transações teriam permitido que insiders recuperassem seus fundos integralmente, deixando os credores comuns na mão.
Este não é o único problema jurídico enfrentado pela DCG e seus executivos. Em abril, um juiz de Nova York permitiu que a maior parte do processo de fraude civil movido pelo Procurador-Geral de Nova York contra a DCG, Silbert e Michael Moro prosseguisse. O processo gira em torno de uma nota promissória de 10 anos supostamente usada para cobrir um rombo de US$ 1 bilhão após o colapso da Three Arrows Capital.
A Genesis entrou com pedido de falência no início de 2023, com US$ 14 bilhões em empréstimos em seus livros. Embora tenha chegado a um acordo com a Gemini, a luta contra a DCG e a Silbert está longe de terminar.
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